quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A revitalização da Baixa e o desenvolvimento cultural de Faro não se fazem com remendos no Atrium


A recuperação da Baixa de Faro tem andado arredada das prioridades camarárias e deixada ao livre arbítrio das forças de mercado. O arranjo das ruas não evitou o seu despovoamento progressivo, ao mesmo tempo que o seu comércio tem vindo definhar e o número de prédios devolutos a aumentar. Não admira pois que, fruto da especulação imobiliária, tenha surgido na Baixa de Faro mais um centro comercial que, mal projectado, não teve capacidade para atrair comerciantes nem uma população que já lá não habita. Actualmente o Atrium Faro encontra-se em situação de falência e os poucos lojistas obrigados a encerrar, lançando no desemprego quem lá trabalhava.

Em período de eleições, a Câmara aparece pressurosa a querer salvar a situação com uma proposta de parceria público-privada onde quer gastar o dinheiro dos nossos impostos (que não tem) num projecto ruinoso, sob a capa de um projecto cultural que nunca teve. As mesmas forças políticas, que, no passado, não quiseram defender o Cinema Sto. António naquele espaço, querem agora desbaratar os dinheiros públicos para salvar um projecto imobiliário falhado.

Tudo não passa de um remendo para esconder a ausência de uma política consistente. As várias associações culturais de Faro sempre foram abandonadas pelo actual executivo camarário e, salvo o cineclube, dificilmente encontrarão condições adequadas de trabalho naquele espaço que não foi desenhado para elas. Não se sabe qual a política cultural deste executivo que, em fim de mandato, quer condicionar a política cultural dos próximos executivos.

O Bloco de Esquerda reafirma que não é assim que se resolvem os problemas criados pela própria política camarária. Mais que salvar o Atrium é preciso salvar a Baixa de Faro. E isto não se faz com remendos, mas com uma política diferente. Acabar com os prédios devolutos e repovoá-la, dando condições de vida a quem lá morar. E aqui, em colaboração com todas as associações culturais e criadores, deve pensar-se em dar vida cultural ao centro da nossa cidade.


Faro 5 de Julho de 2009

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