sábado, 22 de agosto de 2009

João Brandão em Entrevista










A política dos executivos, apoiados na lei do financiamento municipal, de basearem as receitas camarárias na construção civil ( IMI, e IMT) hipotecou o desenvolvimento de Faro aos interesses dos promotores imobiliários originando um desenvolvimento anárquico do concelho (...) Esta política deixa a autarquia nas mãos dos promotores imobiliários, imperando os interesses privados sobre os públicos. Ou seja, a completa subordinação do poder politico ao poder económico. Esta espiral onde sempre se vai falando à boca pequena de pequenas e grandes corrupções tem conduzido à destruição da “cidade”, do meio rural e dos terrenos agrícolas e condenado a população de Faro a pendular de veículo automóvel entre as áreas residenciais, as áreas de serviços e o seu posto de trabalho".


João Brandão, professor universitário, 57 anos, 1º candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Faro nas próximas eleições autárquicas, em entrevista lançada no Região Sul On-line, e posteriormente publicada na edição impressa n.º 773, de 19 de Agosto, questionado sobre o projecto do actual executivo para o Atrium Faro voltou a reiterar o seu total desacordo com a proposta de José Apolinário, considerando-a um “remendo ruinoso” que não resulta da vontade do executivo mas surge na sequência da falência de um investimento imobiliário.
Sublinha que a prossecução do projecto agravará a situação financeira da autarquia sem que satisfaça as necessidades das associações culturais nem da própria baixa da cidade. No seu entender a solução do Atrium Faro não se deve dissociar da reabilitação da baixa e para isso propõe «um programa específico com gestão articulada dos vários sectores e com a participação dos habitantes, dos comerciantes e dos proprietários. A baixa precisa de ser repovoada, os prédios em mau estado devem ser recuperados e os prédios devolutos devem ser penalizados. O comércio precisa de planificado para satisfazer as necessidades uma população residente e atrair consumidores a esta zona, para o que é necessário resolver os problemas da mobilidade e dos acessos. É, também, necessário dar vida cultural à Baixa de Faro apoiando a actividade das associações lá existentes ao mesmo tempo que se incentiva a localização de novas actividades culturais nesta zona».
Sobre a situação financeira da Câmara crítica o modelo de desenvolvimento económico adoptado pelos sucessivos executivos. A aposta em obras faraónicas, que se revelaram um sorvedouro de fundos públicos, e a excessiva dependência das receitas da construção civil.
Para o Bloco o saneamento financeiro da autarquia passa por cortar nas despesas revendo a participação camarária em projectos deficitários como o Estádio do Algarve. Afasta em absoluto qualquer cenário de despedimento de funcionários defendendo a inclusão no quadro de todos os trabalhadores precários ao serviço da Câmara. «O que temos verificado nos últimos orçamentos é que há muitos pedidos de pareceres e outros serviços que poderiam ser, com vantagem, efectuados pelo pessoal existente» refere.
Para aumentar receitas entende que se deve apostar no Património Cultural e Natural envolvente, (Ria Formosa e Pontal) e alicerçar o crescimento económico do concelho no Aeroporto, no Hospital e na Universidade.
A utilização de fundos europeus e o investimento a custo zero são outras medidas necessárias para resolver o endividamento da Autarquia. «Para fazer cidade e obra, devemos ainda criar espaço e acarinhar o desenvolvimento da sociedade civil, chamar os cidadãos a participarem na vida da cidade, acarinhar os artistas e criadores, não necessariamente através de subsídios, mas facilitando a realização de eventos, cedendo o espaço público aos criadores que serão chamados a apresentar propostas de intervenção para a cidade».
O estado de degradação a que Faro chegou obriga a definir prioridades. Para o Bloco é necessário intervir de forma a garantir a melhoria da rede de transportes públicos. Facilitar e promover a utilização da bicicleta e de ciclomotores, de preferência eléctricos.
A recuperação do parque habitacional é outra das acções prioritárias para o partido, assim como o investimento em espaços verdes e a criação de um Parque Natural no Pontal.
Sobre as prioridades do programa eleitoral do Bloco de Esquerda, para Faro, João Brandão referiu-se à necessidade de se tomarem medidas que minimizem os efeitos da crise nas populações, assim como a defesa dos serviços públicos contra a sua privatização.
A aposta numa outra política não é suficiente, e preciso, no seu entender, trabalhar com rigor e competência. Identificar problemas, definir prioridades e fazer uma boa gestão dos recursos financeiros e humanos. Apresentar propostas claras e exigir a responsabilização dos eleitos pelas decisões tomadas. Criar mecanismos de participação dos cidadãos. Promover a criatividade e a experimentação de soluções inovadoras.
«Os nossos eleitos terão uma linha directa de comunicação com os cidadãos, seja por correio electrónico, seja recebendo os munícipes, faremos um trabalho de decifração dos orçamentos da Câmara e das Freguesias para que os eleitores possam dar-se conta da diferença entre o orçamentado e o executado».


A entrevista, conduzida por João Vargues, pode ser lida em:

1 comentário:

Anónimo disse...

concordo plenamente.. pena nao ter ganho