sexta-feira, 17 de abril de 2009

OUTRO RUMO PARA FARO
Pode dizer-se que, em época pré-eleitoral e da boca para fora, este é um anúncio e um slogan comum a todos os projectos que pretendem candidatar-se ao poder autárquico. Em Faro, como na generalidade dos outros concelhos.
Mesmo o poder de turno no mandato não enjeita a ideia da mudança, que eles protagonizam, claro! E se não mudou mais, é por culpa do poder anterior e das actuais oposições.
Então, a necessidade de mudança é facto consensual e assumido. Mas de pouco serve culpar o poder anterior e a oposição, quando, pelo menos no caso de Faro, se pode dizer que no essencial dos trinta e cinco anos de democracia pós 25 de Abril, esse poder foi sempre alternando entre os mesmos dois partidos, cara e coroa da mesma moeda que trouxe o concelho até aos graves problemas e distorções que hoje enfrenta.
Ambos sempre prometendo a mudança, mas seguindo sempre o mesmo caminho. Por isso chegámos à actual situação de angústia financeira, com a autarquia cheia de dívidas e em risco de não poder contrair novos empréstimos, forçada a vender património e terrenos, quando devia aumentá-los e alienando responsabilidades que devia assumir.
É fácil fazer o diagnóstico de um concelho alheado do aproveitamento dos seus recursos naturais, apenas concentrado na cidade e nos seus arredores. Mas com uma cidade do caos urbanístico e do caos do trânsito, entupida nas acessibilidades e sem espaços verdes.
Difícil é ter soluções sérias de mudança. Mais difícil ainda é pô-las em prática.
Uma coisa é certa, só haverá a mudança que faz falta, se acabar, ou pelo menos for travado, o garrote da especulação imobiliária e a soberania das grandes superficies comerciais. Quando terminar a política dos factos consumados, em que o que interessa é fechar os olhos, assinar de cruz e depois logo se vê! Em que a culpa sempre morre solteira e a autarquia fica manietada, incapaz de corrigir os erros cometidos, mesmo quando toda a gente os reconhece, e até os responsaveis, sobretudo quando passam a ser oposição e os sacodem do capote. E que descaradamente os continuam, de braço dado embora com muitos berros e cotoveladas, porque “agora há que assumir” e “temos que ser responsáveis”.
E assim penamos com a megalomania do Estádio do Parque das Cidades, permanente buraco negro dos recursos camarários; com o desconchavo do Mercado Municipal e do MARF que, por este caminho, serão tudo menos o que deveríam ser; com o desastre económico da FAGAR e a sujeição às Águas do Algarve à custa dos recursos da autarquia e dos munícipes; com as loucuras das sucessivas direcções de Farense e do apoio cego que a Câmara lhes foi prestando até às actuais propostas de venda do Estádio de S. Luís em que tudo vale para encontrar comprador...
É sem esperança o panorama se o dilema for Nário ou Cário. Alguma vez irão romper com o bloco central dos interesses instalados no concelho, mais aqueles que se estão instalando, e aqueloutros que lá bem de longe em nós vão mandando, se para eles o futuro passa pelo investimento do Resort do Pontal, pela possível venda dos terrenos do pólo da Penha da Universidade, por sempre a pagar com a Fagar, por um Retail Park no MARF e mais 3 ou 4 grandes superfícies no concelho? E assim por diante.
Com certeza, a alternativa não é fácil. Muitos querem mudar a sério mas têm medo. Mas reparem, não foi essa alternativa ainda por experimentar quem nos trouxe até à tristeza e à crise dos dias de hoje!
07/04/09
Vítor Ruivo

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